terça-feira, 26 de agosto de 2008

Clipe

Pra você que vem de longe ( Mirian Camacho e Carlos Colman)

Produções independentes agitam cultura urbana na capital

No 109º aniversário de Campo Grande algumas manifestações da cultura urbana da cidade revelam um momento de vitalidade. São produções independentes que têm em comum o uso de uma tecnologia cada mais mais barata e acessível, e que estão sendo realizadas mesmo com pouco ou quase nenhum dinheiro.

Na segunda-feira, o documentarista skatista Leonardo Coutinho, 20 anos, lançará o documentário "Identidade" no cine Olido em São Paulo, depois vem a Campo Grande para o lançamento aqui. Leonardo filma sua tribo de skatistas desde os 13 anos e usa o YouTube para publicar seus trabalhos.

Outra produção independente é capitaneada por por Marcos Mônaco, que abriu as portas de sua produtora para projetos de curtas metragens de orçamento quase zero com o projeto 'Paralelo'.

O projeto está finalizando sua primeira ficção, "Denotativo", dirigido por Marcos e com roteiro de Eduardo Machado. Os produtores pretendem continuar a filmar curtas e analisarão roteiros e projetos originais feitos localmente para suas próximas produções.

Na música, o trabalho do 'Dimitri Pellz' dá sinais de força na rede. A banda, que ganhou a etapa de março do concurso "Levis Be Original" no site da Levis, foi citada elogiosamente pela Rolling Stone, a meca das publicações do rock, e tem ganhado as bençãos de bons entendedores do cenário independente pelo país.

No Estado, a banda ainda conquistou popularidade suficiente para ser escolhida como a primeira na preferência do internautas para participar do Festival da América do Sul, que aconteceu este ano em Corumbá. "Nos surpreendeu, porque ficamos na frente de bandas que fazem um pop mais fácil, e mesmo de duplas sertanejas" diz o baixista da banda Heitor Teixeira.

Possibilidades - Nascido em Campo Grande, Leonardo Coutinho acredita que as produções culturais independentes passam por um novo momento na capital. "Acho que existe uma geração de pessoas que quer conquistar espaço. Gente que já não tem o olhar voltado para um certo regionalismo. Todo mundo está ligado em tudo, e os produtos que refletem essa cultura aos poucos vão ganhando mais espaço", diz.

Para o outro diretor inciante, Marcos Mônaco, a viabilidade dos projetos resultará de um processo de apropriação dos produtos locais pelo público. "Nesse momento eu acredito que precisamos de uma cultura de produção e de valorização da produção artística local, de envolvimento do público com as coisas que estão sendo feitas aqui, nem que seja para falar mal e tentar melhorar. Precisamos enfrentar as possibilidades que estão aí".

Bira Martins

Foto:
Bira Martins

Terminal de cargas deverá ser concluído neste ano

Orçado em R$ 40 milhões, o Terminal Intermodal de Cargas de Campo Grande deverá ser concluído este ano. As obras estão sendo feitas numa área de 65 hectares, localizada às margens do anel rodoviário, entre a BR 163, na saída para São Paulo, e a BR 060, na saída para Sidrolândia.

Embora a conclusão da obra e sua implantação esteja no Plano 15, como promessa da campanha deste ano do candidato à reeleição Nelson Trad Filho (PMDB), o prefeito em entrevista ao site de campanha afirmou que a expectativa é de que o terminal seja concluído ainda em 2008.

Com acesso rodoferroviário e a possibilidade de integração com a hidrovia Paraguai/Paraná, o terminal começou a ser construído em setembro de 2007. A intenção é transformar Campo Grande em um entreposto do Mercosul, facilitando o escoamento dos produtos para os mercados externos, principalmente dos países como Argentina, Paraguai, Chile, Bolívia e Venezuela.

No projeto de infra-estrutura, que está em execução, consta a pavimentação de cerca de 7 quilômetros de vias; 23 quilômetros de ramal ferroviário; estacionamento para 290 vagas para veículos de grande porte e 700 metros de galerias de captação de águas pluviais; redes de distribuição de água e esgoto, energia elétrica e iluminação pública; e, áreas para captação e armazenagem.

O Terminal de Cargas de Campo Grande foi projetado para receber e armazenar produtos como fertilizantes, grãos e farelos. No mesmo local, exportadores e importadores terão à disposição o Centro Logístico Industrial Aduaneiro com postos da Receita Federal, Vigilância Sanitária, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e a rede bancária.

Paulo Fernandes

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Divulgação

População prestigia desfile cívico em Campo Grande












Milhares de pessoas comparecem à rua 14 de Julho, no Centro, para assistir ao desfile cívico em comemoração aos 109 anos de Campo Grande. A abertura do evento foi feita pelo governador André Puccinelli (PMDB), que invocou a legislação eleitoral ao substituir o prefeito Nelsinho Trad (PMDB) no ato. Mas, Nelsinho está presente. Expectativa é de que o desfile termine somente entre 12h e 12h30.

Segundo a Prefeitura, participam do desfile 63 entidades, entre associações, fundações, clubes, escolas, bandas e fanfarras. O evento foi promovido pelas fundações municipais de Cultura (Fundac) e Esporte (Funesp) e teve apoio do CMO (Comando Militar do Oeste).

A banda municipal “Maestro Ulisses Conceição” abriu o desfile, precedida do carro da Defesa Civil. Durante o desfile, Campo Grande está sendo homenageado pelas colônias japonesa, portuguesa, italiana, paraguaia e pelo Fórum Permanente de Entidades do Movimento Negro de Mato Grosso do Sul.

Ato político

O desfile cívico este ano foi marcado por desencontros eleitorais. O prefeito Nelsinho Trad (PMDB) convidou para o ato, além das autoridades políticas e militares, os demais quatro candidatos a prefeito de Campo Grande. Apenas Pedro Teruel (PT) compareceu.

Os outros três – Suél Ferranti (PSTU), Henrique Martini (PSol) e Iara Costa (PMN) - não subiram ao palanque. Iara chegou a comparecer, mas está no solo, em campanha eleitoral.

Comparece ao desfile também o comandante militar do Oeste (CMO), general-de-exército Rui Alves Catão.

Pelo menos 200 policiais militares fazem a segurança do desfile. O desfile transcorre tranqüilo, já que até às 10h30, não havia registro de ocorrência policial.

Alcindo Rocha e Jorge Franco

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Alessandra Carvalho

Em dia de desfile, público fala com orgulho da cidade

Dia de feriado em Campo Grande, milhares de pessoas na 14 de Julho para acompanhar o desfile cívico em homenagem aos 109 anos da Capital. Ao lado do esposo e do filho de 7 anos, a secretária Silvia Moreira assiste pela primeira vez a festa, depois de adulta. “Vinha quando criança. Hoje vou relembrar como era”, comenta.

A dona de casa Aparecida Fausto de Oliveira participa todos os anos. Nem o calor e o tempo seco mudam os planos dela e do esposo no dia 26 de agosto. “Vou ficar até o fim”, garante.

O desfile começou às 8 horas, com deficientes físicos mostrando exemplo de superação. Depois veio o sorriso aberto de meninos e meninas com síndrome de Down.

Os dois grupos abriram caminho para escolas, instituições, fanfarras e corporações como bombeiros e Samu, vistos por público de 40 mil pessoas, segundo a prefeitura.

Campo Grande também é homenageada pelas colônias japonesa, portuguesa, italiana , paraguaia e pelo Fórum Permanente de Entidades do Movimento Negro de MS, além das forças armadas.

Ao todo, 63 grupos fazem a festa tradicional, que além de opção de lazer na cidade, faz todo mundo deixar de lado o que quer que faça as pessoas ficarem “de mal” com Campo Grande, para festejar o que a cidade tem de melhor.

Motivo de orgulho - Nascida na Capital, a estudante de jornalismo Natalia Chaves, de 18 anos, acha que o que a cidade tem de melhor é o povo, "gosto das pessoas daqui, é um povo bem diversificado", comenta.

A família Vieira Lima se orgulha da natureza encontrada e preservada em Campo Grande. "Eu me orgulho de poder ver árvores centenárias e araras no centro", comenta Ana Maria, de 39 anos, agente de saúde. Opinião compartilhada pelo esposo, o segurança patrimonial Márcio, de 33 anos.

No feriado os dois vão levar o pequeno Jonatas, de 3 anos, a um parque público. Endereço preferido pela família.

O técnico em eletrônica, Jair Luca, trocou Rondônia por Mato Grosso do Sul há quatro meses. Ele conta que escolheu a cidade morena para viver por causa da tranquilidade. Mesmo em pouco tempo, ele diz que gosta da cultura local. Como opção de lazer prefere o shopping pela comodidade e conforto.

Pela primeira vez em Campo Grande, os bailarinos de Londrina, Nayara Stanganelli e José Ivo, ambos de 17 anos, ficaram maravilhados com a capital. "Viajamos por várias cidades do País, mas gostamos daqui", garante Nayara.

José aproveita para elogiar a Casa do Artesão o Parque dos Poderes e o Parque das Nações Indígenas.

Kellen Assis, de 29 anos, se orgulha de viver em uma capital com jeito de interior, "aqui a gente sente bastante tranquilidade para sair com as crianças". Já os pequenos, Leonardo, de 7 anos e Vitor, de 8, elegem o futebol na rua como melhor diversão para os dias livres na Capital.

Paulo Fernandes e Renato Lima
Foto:
Minamar Junior

Após quase 6 anos, Hipódromo da Capital é reaberto

Com a realização do Grande Prêmio Cidade de Campo Grande, o Hipódromo Aguiar Pereira de Souza está sendo inaugurado nesta tarde de terça-feira (dia 26), pelo Jockey Clube de Campo Grande, sob a presidência de Rogelho Massud.

Seis páreos, reunindo um total de 34 animais de várias regiões do país, marcam a tarde do turfe em Campo Grande. Desativado há quase seis anos, o Hipódromo Aguiar Pereira de Souza passou por ampla reforma em suas dependências e ganhou novo desing na pista.

O primeiro páreo terá largada às 14 horas na distância de mil metros, a exemplo do segundo, do terceiro e do quarto páreos.

No quinto páreo a disputa será na distância de 1.400 metros. Já o Grande Prêmio Cidade de Campo Grande fecha a programação do turfe, sendo disputado por volta das 16 horas e mantendo a tradição da prova, corrida na distância de dois mil metros.


O Grande Prêmio Cidade de Campo Grande será disputado por cinco animais: Use Não Abuse, Blitze Krek, Richelen Place, Public Image e Dalimeira, montados respectivamente pelos jóqueis N. Oliveira, C. Pereira, E. Nogueira, D. Conceição e M. Goes. A dotação do páreo será de R$ 2 mil.

Com a casa de pulê em pleno funcionamento, a diretoria do Jockey Clube espera reativar a paixão pelo esporte entre os campo-grandenses e segundo Rogelho Massud, após esta reinauguração, o Hipódromo passa a sediar reuniões quinzenalmente.

Jorge Franco
Foto:
Alessandra Carvalho

Jovens arquitetos querem Capital com alma de interior

O sonho da nova geração de arquitetos e urbanistas é de que Campo Grande mantenha pelos próximos anos a qualidade de vida de cidade do interior, sem problema de alagamentos, com menor quantidade de veículos nas ruas, ciclovias, coleta seletiva de lixo, calçadas adaptadas para deficientes e o centro da cidade voltado para atividades culturais.

Para a campo-grandense Victoria Delvizo, de 25 anos, Campo Grande está em um momento crucial. O próximo prefeito deve decidir se a Capital irá crescer de forma equilibrada, mantendo a qualidade de vida de cidade do interior, ou se irá optar por um crescimento desenfreado.

“Campo Grande corre muito o perigo de se tornar um grande centro caótico e problemático como São Paulo, mas pode decidir manter o espírito de cidade do interior. É o momento de pensar no futuro”, diz a profissional formada pela UFMS e com mestrado pela UFRJ em arquitetura.

Segundo ela, a Capital está se tornando a “cidade dos carros”. Durante os dois anos de mestrado, Victoria fez um trabalho sobre a principal avenida de Campo Grande e chegou a conclusão que o pedestre está sendo preterido na Afonso Pena.

“Os carros estão ocupando todo o espaço, inclusive os canteiros centrais. A solução não é parar de fazer rua, é conciliar a construção delas com a de calçadas, canteiros centrais, ciclovias e o incentivo para o uso mais intenso do transporte coletivo”, afirma.

Ao contrário do que ocorre em outras capitais, em Campo Grande quem usa o transporte coletivo é porque não tem ou está impossibilidade de usar outro veículo. “O transporte coletivo deveria ser uma alternativa para todos”, afirma. “É uma questão de cultura. A cultura hoje em Campo Grande é de andar de carro próprio”, acrescenta.

Para os arquitetos Charis Guernieri e José Fernando Peralta, ambos de 26 anos, além do problema cultural, as pessoas deixam de usar o transporte público coletivo pela falta de qualidade. O transporte coletivo é lento, os ônibus vivem lotados e a passagem custa R$ 2,30. “Às vezes, andar de carro sai mais barato”, diz Charis.

A arquiteta natural de Curitiba (PR) imagina uma Campo Grande que valoriza a própria imagem, a cultura e que tenha coleta seletiva de lixo e pontos turísticos. “Tentaram implantar coleta seletiva, com aquelas sacolas plásticas laranjadas. Mas a Prefeitura não tem quem recolha. Isto é uma coisa que todas as grandes cidades do mundo estão fazendo. Aqui deveria ter também”, afirmou.

Para campo-grandense José Fernando também falta valorização do patrimônio histórico. “Campo Grande é uma cidade que recebe muita gente de fora. Então, quem chega, não tem explicita a história da cidade. É preciso dar mais valor nas coisas que a cidade construiu nestes 109 anos”, afirma.

Outra preocupação comum a Charis e José Fernando é com relação ao centro da cidade, que no período noturno fica entregue a marginais e a prostitutas. “Se fala muito em crescimento, mas o centro é um lixo. È preciso tentar dar uma humanizada nessa parte da cidade”, diz o arquiteto.

Charis diz que a solução está em transformar o centro da cidade em uma área cultural, revitalizando prédios antigos e melhorando a iluminação do lugar. A idéia é transformar a região central em um lugar agradável para ir, seja durante o dia, seja à noite.

Crescimento – Campo Grande passa por um momento econômico ímpar, com a vinda de grandes empreendimentos como três shoppings, que estão em construção, e o hipermercado Wal-Mart, inaugurado neste mês.

Os novos empreendimentos são: o Pátio Central Shopping, que está sendo construído na Rua Cândido Mariano. o Iguatemi Arvoredo, no Alphaville, na saída para Cuiabá e o Norte Sul, na Avenida Ernesto Geisel.

Para os três arquitetos entrevistados pelo Campo Grande News é um momento de crescimento acelerado da cidade. A arquiteta Victoria Delvizo ficou dois anos fora da cidade (2006 e 2007) e se assustou com o desenvolvimento quando voltou. “Os lugares estão mais lotados, a cidade cresceu muito, de forma assustadora”, afirma.

Campo Grande ainda vive um problema histórico e difícil de ser administrado: a grande quantidade de vazios urbanos, que é explicado, ao menos em parte, pela especulação imobiliária. As pessoas compram terrenos sem a intenção de construir, apenas esperando a valorização do local, o que acontece geralmente com a implantação do asfalto, para revender o imóvel.

“É um problema. Faz com que a cidade se espalhe e toda a rede (água, luz, e serviços como coleta de lixo) passe a ter que ter um alcance maior. Isso gera custos”, diz a arquiteta Victoria. “Só o fato de a pessoa ficar esperando já prejudica a valorização do local”

Paulo Fernandes